segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dependência Digital – A "netcompulsão"

Em pouco tempo, a internet se tornou parte fundamental da vida profissional e pessoal de grande parte da humanidade, mas tanto a sua importância como os efeitos que acarretam nos usuários ainda não são bem compreendidos.

A dependência digital já passou a ser patologia psiquiátrica em alguns países. Os termos “dependência de internet” e “uso patológico da internet”, por exemplo, já constam no Diagnostic and Statistical Manual, da Associação Psiquiátrica Norte-Americana. No Brasil, o uso excessivo da internet,  ainda não é considerado doença e sim um transtorno, porém a preocupação em relação à dependência já existe no país. Estima-se que pelo menos 10% dos usuários brasileiros, quase dois milhões, já estão dependentes.


Segundo a psicóloga Joana Carolina Paro, a dependência ou vício em internet pode ser observado a partir não só da quantidade de tempo que o indivíduo, seja criança, adolescente ou adulto, gasta navegando, mas principalmente o quanto compromete outras atividades importantes para uma vida saudável e feliz. O relacionamento pessoal e real com a família e amigos, atividades escolares, de trabalho ou mesmo de lazer; os relacionamentos afetivos e sexuais podem ficar comprometidos seriamente quando a pessoa concentra toda a sua energia em obter, através da rede, a satisfação de suas necessidades na busca de prazeres imediatos.

"Este tipo de vício ainda não constitui uma classificação diagnóstica, mas faz parte do transtorno de impulso, como o jogo. A dinâmica das duas compulsões é exatamente a mesma e pode estar relacionada também a um transtorno da ansiedade.
Sob a perspectiva da abordagem cognitiva, os três transtornos: de dependência química, de jogo compulsivo e de acesso compulsivo à internet, são apenas sintomas secundários de um processo instalado em fases anteriores do desenvolvimento da personalidade, quando se instala um sistema de esquemas cognitivos e suas respectivas crenças sobre si mesmo. Isto torna as pessoas pré-dispostas a desenvolverem os sintomas secundários dos vícios em contato com a possibilidade de experimentação."

Joana Paro indica alguns sintomas que podem dar pistas claras sobre a dependência da Internet, são eles:
-Excessiva preocupação com a Internet, necessidade de aumentar o tempo gasto on-line para obter o mesmo nível de satisfação;
-Ter que se esforçar para não se conectar;
-Irritabilidade ou depressão, alteração do humor frente à impossibilidade de conectar-se;
-Permanência de conexão maior do que imaginam;
-Mentiras a respeito do tempo que passam on-line; e
-Prejuízo do desempenho no trabalho e atividades escolares e das relações sociais em função da Internet.

Depressão ou timidez excessiva são características comuns entre os dependentes. Por esta razão, os sites mais freqüentados são justamente os que promovem maior facilidade de relacionamento, como as salas de bate-papo, sites de relacionamentos e, mais recentemente, os jogos virtuais que apresentam algum tipo de interação social, como o second life.

No Brasil, a novidade que tem atraído um grande número de usuários é a versão brasileira do Happy Harvest, o Colheita Feliz. Trata-se de um aplicativo do Orkut ao qual o internauta possui uma fazenda virtual e interage com seus amigos, podendo ajudá-los em suas plantações, roubar-lhes, plantar pragas ou enviar presentes. Jogos deste tipo promovem uma espécie de sensação de “sucesso” quando o internauta conquista um nível superior, amenizando os fracassos da vida real.

Sites pornográficos e de apostas também estão entre os mais procurados, entrelaçando compulsões já existentes.

M.A, uma mulher de 32 anos que preferiu não se identificar, conta que anteriormente não tinha paciência para usar a internet, mas hoje, com a rapidez ao acessar os sites de seu interesse, passou a ficar horas navegando. “Disputo o computador com meus dois filhos adolescentes, mas espero eles dormirem para poder ficar tranquila. Meu marido reclama muito, mas mesmo assim, sempre que tenho um tempinho, corro para o computador.”, confessa.

Ao ser questionada se o uso da internet prejudicava seus afazeres, ela afirmou que sim. Reconhece que é “viciada em internet”, mas afirma nunca ter pensado em buscar ajuda profissional. “Sempre evitei pensar no assunto, a internet é onde eu relaxo e elimino as tensões do dia-a-dia, só agora, com as reclamações da família é que passei a pensar no assunto”, revela.

Para Joana Paro, o primeiro passo para combater um vício é reconhecê-lo e admiti-lo. Compreender seu mecanismo e os danos que causam na vida real e nas relações com os outros. O segundo passo é buscar ajuda profissional, grupos de apoio, informações a respeito, mudanças de hábitos e muito esforço.

Porém, nem sempre é fácil fazer com que o dependente aceite seu problema. “Geralmente, a pessoa que está viciada ou dependente da Internet, rejeita a idéia e só quando vê sua vida sendo subtraída em detrimento do vício é que procura alguma ajuda. Por serem questões ligadas à formação e desenvolvimento da personalidade, precisam ser tratadas como tal, por profissionais competentes na área. No caso de crianças e adolescentes, toda a família deverá procurar ajuda, pois a ação terapêutica dos pais é que poderá garantir o sucesso do tratamento.”, diz a psicóloga.

O Hospital das Clínicas em São Paulo possui um tratamento para Dependência de Internet. Trata-se de um programa de atendimento ambulatorial com abordagem multidisciplinar. Inicia-se com uma pré-triagem para averiguar o quadro de sintomas, o psiquiatra realiza uma consulta para avaliação e então é oferecido ao paciente um plano terapêutico em grupo e/ou individual que constitui de acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

Segundo o site do Hospital, são estas as características de usuários graves de internet, que passam muito tempo e que podem ter dependência de internet:
- Pessoas inteligentes e mentalmente muito ágeis
- Preferem passar o “dia todo” conectados
- Pertencentes a todas as faixas etárias
- Apresentam depressão e/ou ansiedade
- Preferem as interações virtuais às reais
- Utilizam a internet como uma forma de expressão daquilo que realmente são e pensam (refúgio)
- Ciclo de amizades e de relacionamentos muito empobrecido
- Desenvolvem idiossincrasias na rede

O site ainda oferece um questionário para testar a sua dependência:

1- Você fica mais tempo na Internet do que com pessoas “reais”?
Se você costuma gastar suas horas com atividades online mais do que com pessoas da sua família, amigos ou de outro tipo de relacionamento, realmente você precisa ficar atento, pois este é um dos primeiros sintomas do problema.

2- Você não consegue manter seu próprio controle na net?
Caso você se conecte na Internet apenas para “dar uma olhada” e acaba ficando bem mais do que o planejado, cuidado! Este pode ser um claro sinal de dependência de Internet.

3- Você acha que “sem a Internet não dá para ficar”?
Se por qualquer razão você não pode estar online durante algumas horas/períodos e percebe-se ansioso ou com tédio ou irritado e, quando volta a conectar-se fica bem de novo. Este é um péssimo sinal!

4- Você se percebe incapaz de diminuir o tempo online, mas, pelo ao contrário, ele só aumenta?
Caso você já tenha feito tentativas frustradas para diminuir o tempo de uso e vem notando que a cada dia que passa, você permanece mais tempo conectado na net para ter a mesma satisfação. Muito cuidado, este é um forte sinal de dependência!

5- Você tem mentido ou disfarçado para os outros sobre o tempo que você fica conectado?
Desde que começou a ficar mais tempo online, se você tem tentado enganar ou mentir para seus familiares ou pessoas mais próximas a respeito da relação que você estabelece com o tempo na Internet. Isto é um gritante aviso!

6- Você sente que sem a Internet a vida não teria graça?
Se não consegue mais sentir o mesmo prazer que antes nas atividades offline ou sente-se melhor na vida virtual do que em qualquer outra situação real. Ou ainda, tem notado que de um tempo para cá, desde que começou a usar com maior freqüência a Internet, vem sentindo-se irritado ou deprimido. Cuidado!

7- Mesmo sem estar na frente do computador, preocupa-se com o que está acontecendo no mundo virtual?
Quando você está envolvido em outras tarefas cotidianas e não pode estar online (nossa, que ansiedade!), chega em casa e corre para ligar seu computador (ou dá um jeito mesmo fora de casa) para ficar “inteirado” dos acontecimentos virtuais. Estas atitudes podem indicar dependência de Internet.

Maiores informações:
Contato com Joana Paro: http://elogioavida.blogspot.com/

Jornalistas Blogueiros - A Nova Era do Jornalismo


Atualmente mais de 70 mil blogs são criados por dia ao redor do planeta. Acredita-se que um em cada quatro internautas brasileiros leia blogs todos os dias buscando informações ou entretenimento.

O Blog, criado inicialmente como um diário virtual, passa a ser um importante veículo de comunicação, utilizado cada vez mais por jornalistas. Porém, o fato de um blog ser mantido por um jornalista, não o caracteriza como um blog jornalístico. O blog jornalístico tem que estar atrelado ao princípio básico do jornalismo: a informação comprometida com a verdade e com o interesse público.


O jornalista Leonardo Concon (www.leonardoconcon.com.br), encara o blog como portal de notícias, informações e opiniões. “Sempre torcia o nariz para blogs. Mas, descobri, antes tarde do que nunca, que um blog não é apenas um diário, um espaço para desabafar sentimentos, deixar arquivos para os outros pegarem, ou mesmo bibliotecas de links e coisas interessantes que se copiam e colam: um Blog é, essencialmente, comunicação pura, no mais literal sentido da palavra. 'Blogar' é, antes de tudo, também, se dispor, seja qual for a hora, em favor do próximo estar bem informado.”, relata Concon.

Ricardo Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/) , jornalista que mantêm um blog desde 2005, relata no Observatório de Imprensa que as notícias cavadas no início da semana acabavam envelhecendo antes que a semana terminasse, deixando sua coluna dominical no Jornal O Dia, do Rio de Janeiro, obsoleta. “Um amigo sugeriu que eu criasse um blog para ter onde despejá-las a tempo e a hora”, disse ele.

Concon comunga da mesma opinião: “a motivação maior é a informação em tempo quase que real, com foto, áudio, vídeo, comunicação por email quando o blog é atualizado. Esperar por um jornal de papel que vai levar a semana toda para circular? Ou mesmo, no dia seguinte? É muito tempo, não acham? Essa é a motivação: evolução dos sistemas. A integração. O upgrade. O jornalismo mais vivo do que nunca.”


Lucas Casella (www.lucascasella.blogspot.com), que além de jornalista é compositor e cineasta, se diz fascinado pela rapidez com que o blog transmite a informação, ao mesmo tempo em que possibilita a imediata interação com o leitor. Casella usa o blog para guardar suas ideias e publicá-las com mais liberdade. “É uma forma descontraída para falar de algo sério. O blog é capaz de instigar opiniões, gerar discussões, provocar atitudes, e sem a obrigatoriedade da linguagem séria de um jornal.”, explica.

Blog: o fim do monólogo no jornalismo

Para grande parte dos jornalistas, o comprometimento com a “imparcialidade na divulgação da notícia”, o impede de mostrar a sua satisfação ou indignação frente a um acontecimento. Sempre foi aconselhável ao responsável por divulgar uma informação que se mantivesse neutro. O blog veio por fim neste monólogo.

Juca kfouri em entrevista concedida no I Salão do Jornalista Escritor, ao se referir aos blogs, disse que é o começo de uma nova forma de se encarar o jornalismo. “O jornalista tem opinião sim, tem que ter. O leitor quer saber o que o jornalista pensa. A falta de espaço para o jornalismo opinativo na mídia convencional leva o jornalista a procurar por novas maneiras de se expressar. O blog está aí para isto”, alega Kfouri.

Outra característica do blog que tanto atrai os jornalistas é o retorno do leitor, a possibilidade imediata de conhecer a reação que determinada informação causa no internauta.

Para Leonardo Concon o leitor é a peça fundamental, o que dá sentido e o que justifica a sua dedicação ao blog. “Sem o retorno do internauta, qual o sentido de ‘blogar’?”, questiona.

O blog hoje é considerado uma mídia. Muitos recebem milhões de acessos diários, atraindo empresas interessadas em divulgar seus produtos. O lucro obtido com publicidades passa a caracterizar o blog não mais como uma espécie de “pasquim”, onde os jornalistas escreviam apenas para divulgar suas ideias. É um trabalho. Um trabalho que vem mudando a forma de se fazer jornalismo.

A experiência de blogar alterou a forma como jornalistas pensam e trabalham suas pautas, afetando diretamente a maneira como o profissional atua em outras mídias.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nem confessionário, nem tribunal



Blog, ferramenta idealizada inicialmente como um diário virtual, passou a ser a mídia mais democrática existente. Sim, o blog hoje é mídia. E como tal,  vem sendo alvo de polêmicas e questionamentos sobre os limites da tão valorizada liberdade de expressão.

Um problema recente entre um blogueiro e um dono de bar, fomentou ainda mais esta discussão. Tudo começou quando Raphael Quatrocci, postou em seu blog Resenha em 6 uma severa crítica ao Boteco São Bento, localizado na Vila Madalena, em São Paulo. Dias após a publicação da postagem, Quadrocci recebeu um comentário  de Jonas Steinmayer, um dos donos do estabelecimento: “Estamos tomando as devidas providências em relação a esse blog”, ameaçou Steinmayer.

Como se não bastasse, os advogados do bar enviaram uma notificação extrajudicial, solicitando a remoção da postagem. Os mantenedores do blog, tentando evitar maiores aborrecimentos, acharam por bem apagar a crítica, agitando ainda mais a indignação dos blogueiros que, por pura cumplicidade, sentiram sua liberdade restringida. E a história desta discórdia se esplalhou na internet feito vírus.

Apesar de divertida e criativa, uma crítica grosseira como a que foi lançada ao boteco, merece também uma crítica ao autor. Ele ‘pegou pesado’ e generalizou o atendimento recebido. Será mesmo que todos os garçons "são ultra-power-mega chatos"? Bem sabemos que mau humor é contagiante... Quem será que começou?

Qualquer um pode perceber o conteúdo inadequado da postagem. Tudo bem que o cara achou  que o bar é o “pior do sistema solar”, talvez seja mesmo, mas a maneira como justificou a “simpatia” do atendimento(outra vez generalizando) foi totalmente ofensiva. É sempre bom reavaliar o que escrevemos.

A internet não é um ouvido de um amigo, por mais fofoqueiro que ele seja. Toda postagem é uma publicação. É bom apoiar nossos desabafos mais calorosos em critérios coerentes. Apagar a postagem ajuda, mas não desfaz os estragos.

Defendo com unhas e dentes o direito de expressão. É evidente que podemos e devemos dar nossas opiniões, mostrar nossas indignações e fazer criticas. E o blog é uma excelente ferramenta para isto. Mas um bocado de bom senso não faz mal a ninguém. Somos responsáveis pelas informações que divulgamos e também pela maneira como as divulgamos.

Uma atitude educada e um pouco mais humilde das duas partes evitaria este tipo de constrangimento. O blogueiro foi impiedoso, rude, utilizando, inclusive, palavras de baixo calão, despertando a ira do proprietário do bar.

Por outro lado, se o dono do estabelecimento deixasse um comentário explicando o ocorrido,  prometendo melhoras, desculpando-se  ou ao menos se usasse um tom menos arrogante e ameaçador, certamente ele ganharia mais. E  perderia menos clientes. No erro, quanto mais discrição, melhor.

O dono do bar não deixou dúvidas quando ao modo como são tratados os clientes que não ficam satisfeitos com seus serviços. E o feitiço virou contra o feiticeiro. O blog foi amplamente divulgado e o bar, apesar de finalmente famoso, deve estar às moscas.



O texto abaixo é a postagem na íntegra antes de ser retirada do site Resenha em 6. Tire suas próprias conclusões.

"Depois da Faixa de Gaza e do Acre, este é o pior lugar do mundo para você ir com os amigos. Caro, petiscos sem graça e, principalmente, garçons ultra-power-mega chatos: você toma dois dedos do seu chopp, quente e azedo que nem xoxota nos tempos dos vikings, eles já colocam outro na mesa. E se você recusa, eles ainda ficam putos. Só tulipadas diárias no rabo para justificar tamanha simpatia no atendimento."


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Entre pérolas e pedras

(Por que não pensei nisto antes?)

Foi uma surpresa chegar hoje na sala de aula e encontrar Igor Pucci, um rapaz tímido de 25 anos, contando um pouco da sua experiência como programador web.

Igor criou o site http://www.perolasdoorkut.com.br/, conseguindo transformar em lucro o que era apenas diversão.

O site reúne “pérolas” garimpadas em fotos e recados no Orkut. Lá poderemos encontrar pessoas que amam o canal "Discorvery Chenn", que sentem “enveja”, que são "egléticas", “entelequituais”, “enteligentes e capáses de resouver os póprios poblemas". Tem até milionário exibindo seu "Ross Rossy" sob os olhos da torre "Enfo", em Paris. E outros que colocam “pirsi na samprasellha”. Uma beleza!

Além de expor a pobreza intelectual do brasileiro na categoria “erros gramaticais”, o site tem fotos para não deixar dúvidas sobre a nossa mediocridade. Triste? Que nada! Eu adorei. É de chorar de rir!

Contudo, o que mais me impressionou não foi o fato do jovem conseguir viver com o lucro obtido com publicidade em seu blog, mas a reação que ele causou ao contar o montante de dinheiro que recebia mensalmente.

Óóóóóóóóh!!! Logo após, cochichos por todos os lados. Mas a confusão maior foi quando ele disse que trabalhava apenas 1 ou 2 horas por dia. Salvo raras exceções, o sentimento de inveja passou a ser de indignação. Só se acalmaram quando ele confessou que, com a crise, seu rendimento caiu quase pela metade. Foi um alívio para boa parte dos ouvintes.

“No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”, disse Tom Jobim. Nada mais verdadeiro! Basta ver o alto número de leitores de revistas especializadas em fofocas de artista. Pior ainda é quando conhecemos o protagonista... Reparem, se o sujeito aparece com um carro novo, sempre tem um pra insinuar que ele anda metido em algo ilícito.

“Sortudo”, dizem eles. Mas a sorte nada mais é do que a sabedoria interna agindo em causa própria.

Igor foi pioneiro, criativo e teve visão. E o melhor é que ele deve rir muito enquanto trabalha, coisa proibida em qualquer ambiente em que se ganha o pão. Brincando de trabalhar, conseguiu o que tantos não conseguem se matando de trabalhar.

Provou, com humildade, que o mundo é dos criativos e não dos invejosos.

(Des)Controle Absoluto

Qual o limite da interferência que a tecnologia é capaz de exercer em nossas vidas? Ainda estamos em teste...

Primeiro aprendemos a dominar uma infinidade de aparelhos que nos facilitam a vida, depois corremos o risco de virarmos reféns destes mesmos ‘facilitadores’.

Assistimos em sala de aula, o filme "Controle Absoluto". Desconsiderando as previsíveis cenas de perseguição e os diversos carros destruídos, sempre presentes no cinema americano, o filme é interessante. Após um telefonema ameaçador, vindo de uma voz anônima, a vida dos protagonistas passa a ser controlada, seus movimentos rastreados, seus passos seguidos, levando o espectador a refletir sobre esta tênue linha entre controlar e perder o controle da nossa liberdade por meio das novas tecnologias.

Hollywood à parte, chegou o tempo, anteriormente anunciado, em que todo ser humano terá seus cinco minutos de fama.

Somos monitorados por câmeras instaladas em elevadores, prédios, lojas, ruas e estradas e nem sempre estamos cientes destes observadores constantes.

Através da internet, mantemos contato com centenas, e até milhares de pessoas. São amigos, conhecidos, desconhecidos e anônimos que passeiam em nossos blogs, twitter, Orkut, MSN e outros meios de comunicação virtual

Digito meu nome no Google e perplexa concluo que ele sabe mais de mim do que eu mesma, além de ter uma memória bem mais precisa do que a minha... Perdi. Um a zero pro Google. E meu nome lá, vagando a esmo em computadores distantes e incógnitos.

O utópico conceito de liberdade tornou-se ainda mais irreal quando temos nossa vida expostas nestes sites de relacionamento.

Através da internet, é possível descobrir tudo a respeito de um estranho. Sabemos em que cidade mora, em que trabalha, o que gosta de fazer, se é um intelectual ou mais um semi-analfabeto, se é feio, bonito, gordo ou magro. Pelas comunidades virtuais que o indivíduo participa, podemos traçar um perfil psicológico perfeito. Nem Freud faria melhor.

Contudo, torna-se necessário nos colocarmos de algum lado das ‘telas’ mentais e virtuais que nos apresentam. Somos espectadores ou protagonistas?

Somos nós que controlamos as tecnologias ou são elas que nos controlam?

Não arrisco um palpite. Sei que me observam...

sábado, 5 de setembro de 2009

A revolução das artes

A Semana de Arte Moderna, realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, foi um marco para as diversas expressões artísticas do país. O movimento reuniu escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos, com o intuito de revelar a nossa atual e verdadeira identidade no mundo das artes.

Mesmo seguindo tendências vanguardistas da Europa e alguns estrangeirismos contrários ao ideal da amostra, os artistas pretendiam com o movimento, a libertação dos enraizados padrões estrangeiros. Negavam o academicismo nas artes e procuravam realizar e firmar uma arte tipicamente brasileira.

Sob vaias e aplausos, Graça Aranha abriu o evento que reuniu os mais importantes nomes da cultura brasileira. Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Villa Lobos marcaram presença, provocando reações de amor e ódio.

Apesar da imprensa, na época, praticamente ignorar o evento, nenhum outro movimento no Brasil reuniu tantos artistas e intelectuais e nem causou tanta polêmica quanto a Semana de Arte Moderna.

A tentativa de estabelecer uma arte puramente brasileira, liberta das fórmulas padronizadas estrangeiras, foi de extrema importância para a cultura nacional. Sim, a arte não deve ter fronteiras. Mas deve ter e respeitar sua identidade.

Os modernistas contribuíram para firmar uma nacionalidade cultural e diminuir este complexo de inferioridade que acompanha muitos brasileiros.

Sem a Semana de Arte Moderna, talvez o brasileiro ainda sentisse certa estranheza ao se ver nas mulatas de Di Cavalcanti, nos operários de Tarsila do Amaral e de viajar no “Trenzinho Caipira” de Villa Lobos.

O conservadorismo engoliu “Os Sapos” de Manuel Bandeira e a arte brasileira, satisfeita, sorriu aliviada.

domingo, 30 de agosto de 2009

Internet, um distúrbio compulsivo crônico

É curioso... O ser humano inventa coisas que nunca lhe fizeram falta e depois não conseguem viver sem elas. A internet, absolutamente surreal e impensável há tão pouco tempo, tornou-se necessária. Mais do que isto. Imprescindível. Não há mais como vislumbrar um mundo sem ela.

É realmente impressionante. Os filmes de ficção científica da década de 60 criaram um ano 2000 onde as pessoas vestem prateado e os carros voam. Porém, os computadores eram gigantescos, provando a total inépcia do ser humano em prever o futuro.

Muitos dizem que a internet diminui distâncias. Sim, o que acontece do outro lado do mundo está acessível ao conhecimento de qualquer um. Mas há um outro lado. O lado humano. Muitas vezes a internet aproxima quem está longe, mas afasta quem está perto.

A quantidade de atrativos é tão imensa que é comum encontrar pessoas viciadas em internet. Tem quem que gosta de música, de jogos, de política, de astronomia, de fofoca de artista, de física quântica ou qualquer coisa que se possa imaginar, por mais absurdo que possa ser. Quase ninguém escapa. Até os poetas deixam de observar a lua para navegar pelos mares da net.

Há de se ter cuidado para que a internet não atrapalhe a sociabilidade, para que não aconteça um isolamento ou mesmo que se viva de relações virtuais e não reais.

A internet é a invenção mais incrível dos últimos tempos. Mas o Ministério da Saúde deveria nos advertir. Ela vicia até os mais atentos. Uma vez que a utilizamos, não mais ficamos sem ela. Não há como nos tornarmos abstêmios de internet. Não há ex-usuário.