Atualmente mais de 70 mil blogs são criados por dia ao redor do planeta. Acredita-se que um em cada quatro internautas brasileiros leia blogs todos os dias buscando informações ou entretenimento.
O Blog, criado inicialmente como um diário virtual, passa a ser um importante veículo de comunicação, utilizado cada vez mais por jornalistas. Porém, o fato de um blog ser mantido por um jornalista, não o caracteriza como um blog jornalístico. O blog jornalístico tem que estar atrelado ao princípio básico do jornalismo: a informação comprometida com a verdade e com o interesse público.
O jornalista Leonardo Concon (www.leonardoconcon.com.br), encara o blog como portal de notícias, informações e opiniões. “Sempre torcia o nariz para blogs. Mas, descobri, antes tarde do que nunca, que um blog não é apenas um diário, um espaço para desabafar sentimentos, deixar arquivos para os outros pegarem, ou mesmo bibliotecas de links e coisas interessantes que se copiam e colam: um Blog é, essencialmente, comunicação pura, no mais literal sentido da palavra. 'Blogar' é, antes de tudo, também, se dispor, seja qual for a hora, em favor do próximo estar bem informado.”, relata Concon.
Ricardo Noblat (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/) , jornalista que mantêm um blog desde 2005, relata no Observatório de Imprensa que as notícias cavadas no início da semana acabavam envelhecendo antes que a semana terminasse, deixando sua coluna dominical no Jornal O Dia, do Rio de Janeiro, obsoleta. “Um amigo sugeriu que eu criasse um blog para ter onde despejá-las a tempo e a hora”, disse ele.
Concon comunga da mesma opinião: “a motivação maior é a informação em tempo quase que real, com foto, áudio, vídeo, comunicação por email quando o blog é atualizado. Esperar por um jornal de papel que vai levar a semana toda para circular? Ou mesmo, no dia seguinte? É muito tempo, não acham? Essa é a motivação: evolução dos sistemas. A integração. O upgrade. O jornalismo mais vivo do que nunca.”
Lucas Casella (www.lucascasella.blogspot.com), que além de jornalista é compositor e cineasta, se diz fascinado pela rapidez com que o blog transmite a informação, ao mesmo tempo em que possibilita a imediata interação com o leitor. Casella usa o blog para guardar suas ideias e publicá-las com mais liberdade. “É uma forma descontraída para falar de algo sério. O blog é capaz de instigar opiniões, gerar discussões, provocar atitudes, e sem a obrigatoriedade da linguagem séria de um jornal.”, explica.
Blog: o fim do monólogo no jornalismo
Para grande parte dos jornalistas, o comprometimento com a “imparcialidade na divulgação da notícia”, o impede de mostrar a sua satisfação ou indignação frente a um acontecimento. Sempre foi aconselhável ao responsável por divulgar uma informação que se mantivesse neutro. O blog veio por fim neste monólogo.
Juca kfouri em entrevista concedida no I Salão do Jornalista Escritor, ao se referir aos blogs, disse que é o começo de uma nova forma de se encarar o jornalismo. “O jornalista tem opinião sim, tem que ter. O leitor quer saber o que o jornalista pensa. A falta de espaço para o jornalismo opinativo na mídia convencional leva o jornalista a procurar por novas maneiras de se expressar. O blog está aí para isto”, alega Kfouri.
Outra característica do blog que tanto atrai os jornalistas é o retorno do leitor, a possibilidade imediata de conhecer a reação que determinada informação causa no internauta.
Para Leonardo Concon o leitor é a peça fundamental, o que dá sentido e o que justifica a sua dedicação ao blog. “Sem o retorno do internauta, qual o sentido de ‘blogar’?”, questiona.
O blog hoje é considerado uma mídia. Muitos recebem milhões de acessos diários, atraindo empresas interessadas em divulgar seus produtos. O lucro obtido com publicidades passa a caracterizar o blog não mais como uma espécie de “pasquim”, onde os jornalistas escreviam apenas para divulgar suas ideias. É um trabalho. Um trabalho que vem mudando a forma de se fazer jornalismo.
A experiência de blogar alterou a forma como jornalistas pensam e trabalham suas pautas, afetando diretamente a maneira como o profissional atua em outras mídias.
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