sexta-feira, 29 de maio de 2009

Dificuldades no mercado editorial

O escritor Mário Prata e Cecília egreja


Por Jean Fronho e Cecília Egreja


Escrever um livro pode ser uma longa história. Nos dias de hoje, publicar um não é uma tarefa fácil de realizar. Muitos escrevem, mas poucos têm a oportunidade de ver sua obra impressa em um livro.

Com um mercado cada vez mais sufocado pela exigência de vendas, a publicação fica difícil para o escritor iniciante. Os nomes mais conhecidos são disputados pelas grandes editoras, enquanto que para o autor desconhecido não há espaço no mercado editorial.

Elaine Cristina Brito, dona de casa e poetisa, escreve desde os 10 anos. Nunca publicou um livro, apesar de ter material para alguns. Ela nos conta as dificuldades encontradas: ”Os editores não se interessam por novos autores. Com a poesia é ainda pior”.

Parece ser o mesmo caso de Marcelo Fernandez, um administrador de empresas que sonha com a carreira literária. Escritor de contos e romances, publicou um livro em 2002. Devido à falta de auxílio da editora, teve que arcar com os custos, além da comercialização e divulgação da obra. Porém não teve o retorno esperado. “É muito difícil alguém comprar um livro de um escritor desconhecido” diz ele. “A gente acaba vendendo para os amigos por um preço baixo e por isso o lucro é menor que o esperado”.

Paralelo aos que tentam um espaço no mercado, existem aqueles que já têm o reconhecimento do público. Mario Prata é um deles. Escritor de renome, já recebeu dezoito prêmios nacionais e estrangeiros, entre literatura, teatro e cinema. Mario esteve em Penápolis no último dia 22 de outubro, onde respondeu a questões em um bate-papo na Biblioteca Municipal.

Mario disse que seu gosto pela escrita se deu por influência do primo, também escritor, Campos de Carvalho. Além disso, quando criança morava em frente ao jornal da cidade de Lins. Disse, sorrindo, que se morasse em frente a um açougue, seria açougueiro. E aos 14 anos começou a colaborar para o jornal de sua cidade.

Mario Prata reconhece as dificuldades de quem está iniciando na carreira literária. “O escritor precisa de sorte e de talento. E mesmo assim nem sempre dá certo”.

Muitos escritores começaram escrevendo para jornais. Alguns, mesmo depois do reconhecimento, continuaram colaborando com crônicas e pequenos contos. É o caso de Carlos Drummond de Andrade, que freqüentou as redações por 64 anos, de Machado de Assis, Guimarães Rosa, e tantos outros.

Atualmente, com a maior facilidade de acesso à internet, os blogs se tornaram um meio propagação de idéias. Neles, os textos estão acessíveis para os leitores, sem custo nenhum para quem publica ou para quem lê.

Viviane Martins, estudante de pedagogia, escreve textos para publicar na internet. Ela pensa em um dia publicar um livro, mas por enquanto está satisfeita com as postagens em seu blog.“Tenho muitas idéias, o blog foi um meio que encontrei de compartilhar com a galera.”

Perguntando a ela sobre a intenção de publicar um livro, ela rebate: “Teve um colega meu que já tentou publicar e eu vi as dificuldades que ele enfrentou e isso me desestimulou a tentar”.

Apesar dos problemas, os jovens escritores não desistem dos seus sonhos e ainda esperam ver suas obras em grandes livrarias. Elaine Cristina é poética até quando fala de seus planos: “Sinto-me como alguém que tenta alcançar o horizonte com passos de criança.”

Marcelo é mais prático e realista, mas mesmo assim não perdeu a esperança de publicar outro livro: “A situação é difícil, mas um dia, quem sabe?”.

E para aqueles que pensam que mesmo depois de famosos, a vida de um escritor é fácil, Mario Prata contradiz a idéia: “Há 50 anos que não tiro férias. Minhas idéias, que são o meu instrumento de trabalho, surgem nas horas mais desconcertantes.”

Para os novos escritores ele aconselha que leiam muito, sejam persistentes, e não desanimem com as primeiras críticas. E terminou a entrevista aconselhando: “ não leiam a Veja”.

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